Crítica do espetáculo ''O Gigante Egoísta'', da Cia. Rindo à Toa

Confira a crítica do espetáculo O Gigante Egoísta, da Cia. Rindo à Toa, realizado no 8º Pequeno Grande Encontro de Teatro, pelo crítico Ricardo Schopke, no Almanaque Virtual!




''Apesar de partir de uma ótima premissa, do conto: “O Gigante Egoísta” de Oscar Wilde – um dos maiores escritores irlandeses de todos os tempos -, que serviu de base para a encenação do quinto espetáculo apresentando no 8o PGE no Teatro Mini-Guaira, o espetáculo não desenvolveu a fundo, nenhuma das possibilidades para torná-lo um bom projeto teatral. A peça conta a história de um gigante dono de um jardim belíssimo que, egoísta, impede as crianças de brincarem nele, e fala sobre a necessidade de dividirmos nossa felicidade com os outros. Em outras palavras, ensina que o amor é uma resposta, ou seja, para ser amado – criança ou adulto – deve-se aprender a amar. Ensina assim as crianças para uma belíssima história de amor e humanidade. Apesar de ser uma fábula para crianças, que com ela aprende as mais belas lições para a vida, ela encanta também os adultos com sensibilidade e inteligência. Com estas palavras, nos é apresentada a sinopse do espetáculo. Entretanto a Cia Rindo à Toa de Passo Fundo/RS, não conseguir exprimir na concepção do espetáculo toda a magnitude do conto. A direção, adaptação e criação de cenário de Edson Bueno manteve todo o projeto nas primeiras camadas de investigação desta importante obra. O que nos remete a um lugar bastante reconhecido por nós, por justamente pertencer a uma esfera de primeiras, e básicas impressões acerca de um assunto.

Diz um importante provérbio chinês que ao receber uma grande caixa, ao abrí-la você irá encontrar uma outra caixa, que ao abrí-la, irá te levar a outra caixa de menor tamanho, até chegar a uma pequenina, e última caixa. Nesta pequenina caixa, a última a ser aberta, você irá encontrar uma pérola. Ou seja, ao receber uma grande caixa, você tende a acreditar que nela está um grande conteúdo, entretanto ela pode ser apenas um grande embrulho, e o tamanho vem a disfarçar o seu verdadeiro valor. Ou seja, ao descortinarmos todas as diversas camadas de um trabalho, quanto mais abrirmos as caixas, mais fundo estará a jóia. O grande tesouro e a essência de tudo. Assim, a encenação da peça, optou em abrir apenas a primeira caixa e concebeu a partir daí uma sucessão de códigos facilmente assimiláveis, e de reconhecimento imediato ao grande público. Com isso, foi retirada qualquer teatralidade possível da encenação, que nos colocou em um lugar de observador de um formato mais aproximado da literatura do que da arte. Como que se estivéssemos em um biblioteca assistindo uma leitura formal de um conto teatral, com soluções que afastam o espetáculo de um palco teatral e que nos impossibilita de entrar mais profundamente na análise da peça, devido a obviedade em que todos os códigos se apresentam facilmente: livros como livros, pilhas de livros como pilhas de livros, o conto contado e lido no livro, uma árvore inteira em miniatura que você pode comprar em qualquer loja de flores artificiais, e por aí vamos. Fico na torcida que o projeto, vindo de um autor tão importante e de uma premissa tão bonita, possa desabrochar e ser reinventado, e vire em pouco tempo em um lindo cisne.''

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