Crítica do espetáculo ''O Mágico de Oss'', da Cia. do Abração

Confira a crítica do espetáculo O Mágico de Oss, da Cia. do Abração, realizado no 8º Pequeno Grande Encontro de Teatro, pelo crítico Ricardo Schopke, no Almanaque Virtual!




''A Cia do Abração, apresentou no 8o PGE um dos seus mais recentes trabalhos “O Mágico de Oss”. A Cia, sediada em Curitiba/PR, tem mostrado nestes últimos anos, como é possível se montar clássicos da literatura, ou do cinema, com inteligências cênicas. Muitas montagens ruins já foram vistas por todo o nosso país, reproduzidas fidedignamente do filme “O Mágico de Oz” – no original “The Wizard of Oz” um filme americano de 1939, produzido pela Metro Goldwyn Mayer, e baseado no livro infantil homônimo de L. Frank Baum. Em Kansas, Dorothy (Judy Garland) vive em uma fazenda com seus tios. Quando um tornado ataca a região, ela se abriga dentro de casa. A menina e seu cachorro são carregados pelo ciclone e aterrisam na terra de Oz, caindo em cima da Bruxa Má do Leste e a matando. Dorothy é vista como uma heroína, mas o que ela quer é voltar para Kansas. Para isso, precisará da ajuda do Poderoso Mágico de Oz que mora na Cidade das Esmeraldas. No caminho, ela será ameaçada pela Bruxa Má do Oeste, que culpa Dorothy pela morte de sua irmã, e encontrará três companheiros: um Espantalho, que quer ter um cérebro, um Homem de Lata, que anseia por um coração e um Leão covarde que precisa de coragem, e para isso todos saem juntos em busca do todo poderoso Mágico de Oz!

Cercado de inúmeros simbolismos, o filme é uma rica fonte inspiradora para uma ótima montagem teatral. Inspiração esta que a Cia do Abração, liderada por sua diretora Letícia Guimarães, agarrou com forças e competência. Transportando a encenação para o Japão, um país onde os ritos de passagem são extremamente valorizados e respeitados; assim como é o crescimento da Doroti da peça “O Mágico de Oss”. Começando já com um enigma no título da peça, ou seria melhor dizer um ideograma japonês? Vemos em cena, uma estética muito clara e bem definida em seus propósitos. A cena é aberta em preto e branco (no mundo real), e sendo colorida (no mundo da imaginação), com direito a dialogar com o universo do pintor neerlandês modernista Piet Mondrian. Quatro atores vivem, juntos com objetos resignificados e mosaicos – feitos por cubos, triângulos e retângulos -, uma pequena saga em busca de um mágico (que pode ser comparado a Deus, ao inatingível, ao inexistente, e até mesmo a um charlatão) que seria o responsável em realizar o desejo destes quatro seres. Recheado de animação de objetos, e de teatro físico, – traços característicos das encenações da Cia, – fora os jogos de frases e palavras, que sempre trazem um significado, como por exemplo: uma amarelinha, vira “amar é linha”-, assistimos assim, a trajetória de uma menina insatisfeita e chatinha, que vive grandes experiências, até descobrir onde de fato estão as respostas para as suas vontades e desejos pessoas; assim como a de seus novos amigos imaginários. Todas as áreas técnicas servem bem aos propósitos singelos que a Cia se propõe. A simples cenografia múltipla, os criativos figurinos, e a boa coesão corporal, vocal e interpretativa dos atores, que se sobressaem mais pelo conjunto, do que por individualidades. Puxando para uma veia mais infantil na concepção, que é aliada certamente a pouca idade, e vivência dos atores.

A Cia do Abração consegue mostrar o quanto é possível fazer com inteligência uma ótima releitura de um grande clássico do cinema mundial, pois na verdade, o problema não estão nos clássicos em si, mas sim, no “como” se faz!''

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