Crítica do espetáculo ''Entre Janelas'', da Tato Criação Cênica

Confira a crítica do espetáculo Entre Janelas, da Tato Criação Cênica, realizado no 8º Pequeno Grande Encontro de Teatro, pelo crítico Ricardo Schopke, no Almanaque Virtual!




''O segundo espetáculo a se apresentar no 8o PGE, e o primeiro a ser encenado no Teatro Mini Guaíra foi uma das grandes surpresas do teatro de animação desta edição. Uma edição em que a curadoria da Cia do Abração foi imensamente feliz. Nunca havia visto em uma única edição uma escolha tão bem acertada de todos os projetos de títeres. “Entre Janelas” da Tato Criação Cênica de Curitiba/PR, apresentou em cena uma grande sofisticação e refinamento de concepção e execução. A história, adaptação do livro: “Uma Janela entre dois Amigos” do mineiro Gustavo Gaivota, nos apresenta a seguinte sinopse: um menino e seu melhor amigo, um cachorro chamado Pitu! Uma amizade feita de brincadeiras no quintal e muito corre-corre. Um dia o menino ganha um presente incrível: um computador. Na janela do notebook ele abre várias outras janelas e pode ir a qualquer lugar sem sair de seu quarto. Do lado de fora, Pitu espera por um momento de brincadeira, mas seu companheiro agora não tem mais tempo para ele, está muito impressionado com seu novo amigo tecnológico. O menino terá então que descobrir uma forma de reconectar a seu velho amigo.

Para contar esta instigaste história, a direção de Dico Ferreira conseguiu nos tocar profundamente, principalmente, a aqueles que amam e respeitem incondicionalmente os animas: eu, por exemplo. O formato em animação direita (o controverso menino), luvas e animação direta (o belíssimo cãozinho) e as sofisticadas sombras (em enquadramentos de retratos e coloridas), se apresentaram acertadamente, e foi acompanhada de muita qualidade em todos os setores técnicos e artísticos da encenação. A concepção cênica da Tato, muito especial e repleta de magia, foi desenvolvida em uma empanada fixa, com persianas brancas finas que apresentam uma qualidade de movimento e transformação, de alto índice técnico. Ora servindo a sombras, ora sendo abertas por partes, e diversificando os desenhos cênicos e a amplitude espacial. Tudo orquestrado por uma música contundente e que dá conta do clima de aperto aos nossos corações, em ver diante de nós a dolorosa troca do animal de estimação por um mundo digital. Acompanhamos com muita atenção a saga deste lindo cãozinho, que foge de casa ao ser rejeitado, e vive uma verdadeira odisséia até culminar no desfecho da trama. Colabora sensivelmente para isso a excelente manipulação e atuação da dupla de atores. O menino é representado com muita competência pelo ator/manipulador Eduardo Santos e pela excelente atuação de Carolina Maia no papel do cãozinho. A harmonia entre a sua atuação e manipulação é altamente valiosa. Dois pontos importantes no espetáculo, que dizem respeito a humanidade, e não a arte em si, são as escolhas, primeira, a de simularem a agressão ao cãozinho com uma vassoura, e a segunda ao tentar pegar o animal por trás, puxarem o seu rabo. Essas duas imagens mereciam uma revisão em seu conceito humanitário, em relação ao tratamento dado ao bichinho e os maus exemplos que eles podem gerar em nossa sociedade. Nunca, que se trata de uma censura ou qualquer interferência no produto artístico, mas apenas que pode-se ter estes mesmos efeitos – de pessoas agressivas e sem noção – que batem em um animal com a vassoura ou puxam o seu rabo. Tenho certeza que uma competente equipe como esta, conseguirá refletir e encontrar soluções similares a estas; que não prejudicam em nada o produto artístico. Esta é a minha verdadeira torcida, em poder saber um dia que as minhas palavras puderam ter algum eco, em uma equipe tão competente e que apresentou um trabalho de grande sensibilidade artística.''

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