Maravilhosa Exposição do Fabuloso Perré

Elenco do Trenzinho do Caipira e Palestrante

Divagações (Blas Torres)
Obrigado, querido Perré, pela chama idealista e pela generosidade de partilhar tua experiência.

Hoje até fica um pouco difícil decidir por onde começar, tantas coisas boas se geraram e de muitas formas me atingiram, que minha conexão dispersa se perde no emaranhado de sentimentos e informações colhidas nesta semana. Então vou deixar livre meu espírito blasonador tentando compartilhar estas vívidas experiências.

Antes de tudo, despejo minha alegria celebrando o fato de que todas as atividades propostas neste projeto tenham se interligado tanto que uma atividade começa puxar a outra e como efeito temos a casa bem movimentada e com um público freqüentador não muito habitual. Lembro o dia em que planejamos, estávamos muito cientes do risco a não se concretizarem. Mas ainda bem, para mim, que me achava maduro demais, (meio velho) para as surpresas, desta vez, tenho que admitir, que sutilmente levei um tapinha de luva porque as coisas funcionaram. Muito devo aos meus colegas obstinados que me carregam, aos quais sou grato por isto. Por mim, já era assumido um trabalho desgastante sem muito retorno.

Os ensaios abertos regados de reencontros, não apenas de pessoas amigas, senão de ideais, e ainda vivos, como os personagens criados na obra teatral “O Trenzinho do Caipira – Villa-lobos para crianças de todas as idades” nos encaminhou a revisitar os caminhos percorridos durante a criação. Os colegas atores e criadores presentes, que fizeram parte de uma maratona que durou 2 anos de pesquisa contínua, mergulhando no mundo vasto de Villa-Lobos, e que hoje não estão conosco por variados motivos e motivações, nos devolveram a riqueza dos personagens e textos que criaram. Assim também, a curiosidade do público participante permitiu entretecer novas perspectivas e possibilidades a um espetáculo em permanente processo criativo. Juntando as descobertas feitas pelo novo elenco acredito que ainda vamos ve-lo crescer e muito. Um ganho fundamental neste processo reflexivo, a meu ver, é a retomada do rito como preâmbulo a cena, esse sagrado processo de se interligar a obra antes representa-la.

Já falar da palestra me deixa um pouco apreensivo. Foi tão profusa, em todos os sentidos, que sou consciente, será difícil sintetiza-la. Espero que algum colega que participou possa me ajudar comentando e preenchendo os meus furos. E ainda certo da colaboração de algum leitor generoso a compartilhar suas visões, para não dizer diretamente corrigir minhas lacunas.

Reproduzo aqui o início desta conversa que talvez seja o resumo deste brinde:

"O senhor... Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão". (Guimarães Rosa)

Tantas fontes de inspiração pode nos mostrar num breve tempo, partindo do objeto principal de nosso trabalho, a própria criança. Levantou, ainda, várias questões de caráter político, no sentido nobre deste conceito, de pensar em nossa coletividade e das necessidades atuais da nossa sociedade.

Mas ainda batemos na mesma tecla e provavelmente estaremos batendo muito, porque, afinal, nos deparamos com os mesmos empecilhos quando se tratam de políticas culturais. A pergunta do Perré do por que não estavam presentes os gestores públicos num encontro como esse fica no ar.

Antes mesmo de procurar uma resposta ou de uma desculpa, responsabilizando nossos gestores e governante e, já que estou falando, raramente os vejo nas apresentações de espetáculos locais, acredito que talvez ainda não encontramos a forma de atrai-los a estes eventos e nos caiba todavia aguçar sua curiosidade seja ela em forma de pressão organizada ou mecanismo persuasivo de interesse direto. É uma questão que precisa de nossa atenção. Não sei o caminho e nem tenho certeza de que exista uma receita, mas esta além da hora para fortalecer nossa produção local. Urge conversarmos, gestores públicos, artistas e produtores e chegarmos a um acordo para desenhar tais estratégias e políticas públicas culturais.

Mudando de assunto e voltando ao evento de Investigação de Teatro para Crianças, vale assinalar a atividade que demos o nome de: FESTIVAL MARCIANO DE TEATRO DA CIA. DO ABRAÇÃO, uma tentativa de pluralizar a experiência, mostrando nosso repertório de espetáculos aberto ao público, já que as outras atividades do Projeto de Investigação estavam direcionadas a arte-educadores, estudantes de artes cênicas, e professores. Demos ênfases na divulgação para atrair os vizinhos da nossa sede. Há vários anos tentamos compartilhar nossas experiências no nosso bairro, sem muito êxito.

Já na forma de comunicar o evento dirigido ao público do bairro, achei o maior barato: um carrinho de som, quase chiando anunciava: !Oba!!! !Oba!!! Vamos ter Teatrooo ....... e as pessoas ficaram tão curiosas que hoje, pela primeira vez, me incomodei de nossa modesta sala de apresentações ser pequena. Tiveram muitas pessoas que voltaram para casa com o kilo de alimento. A propósito do Kilo de alimento, este será doado para o Centro Social Santa Rosa de Lima, instituição assistencial vizinha da Cia. do Abração. É tão agradável poder colaborar também neste sentido.
Bom, ainda tem assunto, mas aposto na troca. Alguém mais arrisca?
............................................................................................
Comentário - (Guga Cidral - artista educador)

Primeiramente gostaria de parabenizar a iniciativa da companhia do abração pelo "excelente" evento, onde educadores, atores: fazedores de arte , podem estar se reunindo para "melhor" pensar na "melhor" arte de ensinar o aprender através do teatro!Sou artista educador e hoje e sempre e com toda a certeza, quero mais e mais com a arte, mais aprender com estes criadores o oficio do faz-de-conta, a maneira solta de dar asas a imaginação e perceber o cuidado na criação dos personagens e das histórias (pois elas precisam dormir e acordar...), tais atividades ajudam a minha criança a criar uma nova visão do mundo e assim aos meus alunos, "as crianças" de todas as idades perceberão uma maneira inovadora de se expressar!

O teatro tem esse poder, ou "melhor", esta função.Compartilhar dessas artes e atividades baseadas no lúdico, no poético, no pedagógico,na compreensão, no sentido do sentir e na criatividade, será um forte estímulo para todos nós, comunidades educadoras a ver, explorar, trocar, um ovo aprendizado.

Comentários