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REFLEXÕES SOBRE O PROJETO

Apontamentos sobre a Investigação do Teatro para Crianças - Robson Rosseto - Artista, professor universitário, especialista em arte-educação.

O projeto terminou, mas certamente é o início de uma nova etapa, pois a realização desta investigação trouxe a consciência e a certeza que os debates, as discussões, as palestras, enfim, todo o processo dialógico em torno do tema "Teatro para Crianças" veio para ficar. A cidade de Curitiba precisava de tal iniciativa para propor este movimento, não apenas um movimento com discussões estéticas teatrais, que é sempre válido e necessário, mas também que envolvesse o viés da educação. As contribuições dos palestrantes foram de fundamental importância em diversos âmbitos - o histórico do teatro para crianças em Curitiba e no Brasil, concepções estéticas e filosóficas para a concretização das encenações, os entraves de diálogo entre os grupos teatrais e as instituições de ensino, dentre outras. Tais temas instigaram a importantíssima participação do público que acompanhou o processo ao falarem sobre suas vivências e pontos de vista relacionado aos diversos focos de discussão.

Além das palestras, outro segmento do projeto, foram os ensaios abertos, que abarcou toda a produção teatral da Companhia do Abração para abrir o diálogo com os interessados na pesquisa teatral. O diferencial foram os inícios de cada apresentação, pois os ouvintes eram convidados a participar do aquecimento corporal e vocal juntamente com os atores. A participação efetiva nos aquecimentos proporcionou engajamento maior para a apreciação dos espetáculos. Propiciou um olhar mais atento, pois tais atividades desviam as preocupações pessoais e foca a atenção para a proposta do dia. Após as apresentações, o debate aprofundou nos fundamentos das propostas de encenação da direção, os processos de montagem visto pelo olhar dos atores, além da proposição da engrenagem teatral – iluminação, cenografia, figurinos e adereços. Além disso, muito se discutiu sobre a dramaturgia, sobre o que norteou os procedimentos de cada espetáculo. Notou-se que os espetáculos da Companhia do Abração possuem características próprias, não apenas por colocar objetos em cena para dar vida aos personagens (muitos espetáculos trazem o mesmo propósito), mas de consolidar a construção de uma dramaturgia pautada no imaginário infantil.

Muito gratificante perceber que os fazedores teatrais que participaram do projeto, nos seus afazeres artísticos estão todos engajados num teatro com foco na pesquisa, com a preocupação na dramaturgia, na estética teatral e principalmente na preocupação com a comunicação com a platéia – a análise da produção teatral na perspectiva do público. Por outro lado, há as questões pertinentes aos educadores em relação à arte teatral, pois se evidenciou nas discussões durante o processo que as companhias teatrais possuem várias dificuldades ao tentarem levar suas produções artísticas para as escolas. Ao ouvir nos debates tantas reclamações sobre as barreiras que as instituições de ensino declaram, e por meio da minha prática docente, percebo que o problema é somente um: a formação dos professores. É preciso pensar sobre a capacitação dos professores na linguagem teatral, pois todas as dificuldades do dilema exposto nas reuniões do projeto se resumem na falta de conhecimento específico teatral por parte do professorado. Contudo, a relevância de todas as questões levantadas e refletidas na ação dos encontros precisa ser levada para outros momentos, pois o teatro para criança é vital para a arte teatral, o hábito e o gosto pelo teatro fazem-se em sua maioria quando criança - por isso sua real importância social e fundamentalmente pessoal, para as correlações artísticas, críticas e sensoriais.
Por fim, o que se viu em todo o processo, foi um desejo enorme de falar sobre alegrias, angústias, desejos, conquistas, frustrações, ambições, etc. Um desejo enorme de gritar para todos a seriedade do Teatro para Crianças, do Teatro para a Escola, do Teatro para a Sociedade, do Teatro para a Vida!

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