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Por que cantamos

Queridos colegas, amigos, coloco esta poesia escrita pelo Mario Benedetti, lembrado pelo Ilo Krugli e que em muitas horas de desilusão e questionamentos existenciais ela tem-me afagado o desespero além de lembrar que vida é muito mais que "eu", apenas, e que nada há além do sonho.
Se cada hora vem com sua morte,
se o tempo é um covil de ladrões,
os ares já não são tão bons ares,
e a vida é nada mais que um alvo móvel
e você se perguntará por que cantamos...

Se nossos bravos ficam sem abraço,
a pátria está morrendo de tristeza,
e o coração do homem se fez cacos
antes mesmo de explodir a vergonha
Você perguntará por que cantamos...

Cantamos porque o rio esta soando,
e quando soa o rio / soa o rio.
Cantamos porque o cruel não tem nome
embora tenha nome seu destino.
Cantamos pela infância e porque tudo
e porque algum futuro e porque o povo.
Cantamos porque os sobreviventes
e nossos mortos querem que cantemos.
Se fomos longe como um horizonte,
se aqui ficaram árvores e céu,
se cada noite é sempre alguma ausência
e cada despertar um desencontro
Você perguntará por que cantamos...
Cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta Vida
e porque não podemos, nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.
Cantamos porque o grito só não basta,
e já não basta o pranto, nem a raiva.
Cantamos porque acreditamos nas pessoas
e porque venceremos a derrota.
Cantamos porque o sol nos reconhece,
e porque o campo cheira a primavera
e porque nesse talo e lá no fruto
cada pergunta tem a sua resposta...

Mario Benedetti
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Espero não extrapolar o objetivo deste espaço, já que hoje amanheci um pouco mais enfático na minha colocação, no sentido político. Mas, conviver com pessoas comprometidas e ativas, como o Perré, me insta a responsabilidade, e como diria meu pai "o mundo é nossa responsabilidade, pelo menos este pequeno mundo que nos rodeia" por tudo isso lá vou eu.

Ou, se olharmos de uma forma mais poética, não estaria demais trazer a lembrança o Pequeno Principe: "Tu és responsável pela rosa que cativas...” Bom aqui vai uma reflexão de um assunto que sempre vem a tona quando se conversa sobre cultura e produção cultural, tão bem colocado por estes dois canta autores argentinos.
Alberto Cortéz- Que é um homem sem um sonho?
Facundo Cabral -
- Nada
Um homem sem um sonho no sumo é um cidadão.
E, é grande a diferencia entre um homem e um cidadão.
Cidadão é aquele que depende daquela tração chamada Estado.
Estado é a teta onde mamam os cidadãos, mas é o câncer do homem.
O homem depende de Deus é dizer da mesmíssima vida.
Cidadão é aquele que está esperando que façam por ele aquilo que ele não faria por ninguém nem por ele.
Homem é aquele que sabe que para viver melhor há que ser melhor.
Cidadão é aquele que procura a verdade e o culpado fora dele
Homem é aquele que sabe que a verdade e a culpa se procuram dentro de si.
Alem do mais, numa sociedade competitiva como a nossa, se existe uma escala de valores, que evidentemente existe.
O homem é um ser invalorável.
No entanto, um cidadão tem um preço específico: Um cidadão vale exatamente, um voto.
Alberto Cortéz- Há por exemplo cidadão que para fugir do aborrecimento da família chega a governador. Não sei se consegui me explicar.
Trecho do espetáculo "Lo Cortez no Quita lo Cabral" de Alberto Cotez e Facundo Cabral.

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