OFICINAS DE DRAMATURGIA

Que histórias novas podem ser contadas, ou quais as novas formas de contar historia para crianças?



Com essas questões, surgiu o desejo de descobrir o que esta sendo realizado no teatro para crianças.


Com as oficinas de dramaturgias na primeira etapa orientadas com as sensibilidades de Fátima Ortiz e Renato Perré tentamos desenvolver esses novos jeitos, com o corpo ativo, esse foi um ponto muito importante antes de sentar e pegar a caneta e o papel. Deixar o corpo e conseqüentemente a mente espontâneos, pois como diz a Fátima “tudo esta na metafísica” as idéias estão ai, basta estar pronto para recebê-las.


Pensar no brinquedo da infância, materializá-lo com jornal e fita crepe, imaginar um lugar e neste lugar um personagem, criar todas as características e depois com todos os personagens criados trocar cartas ( que foram lindas) e então unir esses personagens . Surgiram peixe voador, formiga sonhadora, casa d’arvore, amoreira, dona chuva, tanquinho azul, banco branco, macaco serelepe, Popoiowiski, figuras com apenas um olho... e por ai vai, um grupo grande, com muitas cabeças pensantes e poesias flutuantes. Representamos no papel e no palco as historias, as aventuras, os conflitos que iriam enfrentar. Ah, os conflitos...


Que conflitos são esses que não sejam a luta do “bem contra o mal”, de que outra forma podemos colocar conflitos e as estórias serem intrigantes, interessantes? É sempre necessário ter um conflito? Questionamentos , mais questionamentos. Enfim, as historias foram se desenvolvendo, algumas finalizadas, outras ainda na metafísica.


Na segunda etapa orientada pelo mestre Ilo Krugli ( apesar de ele não gostar de ser chamado de mestre, me refiro a ele assim, pois realmente ele é um grande mestre no teatro para crianças), a própria dramaturgia em pessoa.


A sala como sala de ritual: terra, água, fogo e ar. E eu?


Como foi sua primeira vez?


Qual seu núcleo?


Quanta vida carrega o Ilo, quanto sentimento, quanta pureza, quanto sarcasmo, quanta intensidade. Quem esta em volta só tem que aproveitar.


As ferramentas que cada pessoa carrega, ele fez questão de deixar de lado, LIBERTE-SE E CRIE, não se justifique apenas faça!


O interessante é o reflexo das oficinas: os questionamentos que surgiram no nosso trabalho. Todos os nossos espetáculos não falam do “bem contra o mal” ou vice-versa, então quais são os conflitos dos nossos espetáculos? Qual é a nossa dramaturgia? Qual é o nosso núcleo?


Começamos a refletir, descobrir, destacar, repensar, desenvolver mais a nossa dramaturgia. Mas do nosso jeito, sem abrir mão de nossas características, e pensando que o ator também faz parte desta dramaturgia.


Não acreditamos que nossas obras estão finalizadas, pois sempre se pode melhorar, aprimorar, refinar em questão de dramaturgia, intenções dos atores, precisão corporal...enfim, temos este prazer! Com o desafio de descobrir novos jeitos, de contar nossas historias, como diz nossa diretora Leticia: “temos a vida inteira” para melhorar e sermos prefeitos!

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