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Conclusão: Banco de Textos e Leituras Dramáticas

Resumo: Uma das ações do projeto de Investigação do teatro para crianças da Cia. do Abração foi a coleta de novas dramaturgias, com a finalidade de conhecer e dar visibilidade aos novos autores que pensam no teatro para a criança. Os objetivos da coleta dos novos textos era montar um banco de textos na Cia., disponível na sede, em papel, e digitalizadas no nosso site; e realizar leitura dramática de três textos escolhidos. Este artigo visa fazer uma breve conclusão de como aconteceu essa ação no Projeto de Investigação.

Investigando Novas Dramaturgias

Simão Cunha

Foram recebidos textos não só de Curitiba, mas também de alguns outros estados, como São Paulo e Bahia. Percebeu-se que o número de autores ainda é muito pequeno, visto o número de textos enviados para a seleção. Alguns autores enviaram mais de um texto, tornando o número ainda menor.

A seleção dos textos para as Leituras dramáticas foi feita por Fátima Ortiz, dramaturga e diretora da Cia. Pé no Palco, Renato Perré, dramaturgo e diretor da Cia. Filhos da Lua e Letícia Guimarães, diretora da Cia do Abração. Um problema diagnosticado pela comissão foi a qualidade dos textos recebidos, foi difícil fazer a seleção por falta de cuidado na linguagem, na escrita e nos temas dessas novas dramaturgias. Os três textos selecionados foram: O Vôo da Borboleta, de Caroline Casagrande; O Homem do Banco Branco e a Amor-eira, de Leonardo Moita; e As Estranhas Aventuras de Rude Paçoca, de Lóli Láctea. Descobriu-se depois da seleção que Lóli Láctea é um pseudônimo de Caroline Casagrande, ficando assim dois textos da mesma autora selecionados.

Tivemos a nobre colaboração da Cia Filhos da Lua, ficando responsável pela leitura de "O Homem do Banco Branco e a Amor-eira", texto inicializado na oficina de dramaturgia, realizada anteriormente como uma das ações do Projeto de Investigação. Nós, atores da Cia. do Abração nos subdividimos em dois grupos para a leitura dos textos de Caroline Casagrande. Fazer uma leitura dramática foi uma experiência nova ao grupo que sempre trabalha com criação coletiva dos textos. Isso nos fez refletir mais uma vez sobre nossa dramaturgia, já que nos propomos a realizar uma dramaturgia própria muito mais imagética e física, com mais signos visuais do que verbais. O contato com os textos selecionados juntando com a reflexão sobre os textos da própria Cia. faz-me concluir que a dramaturgia para crianças é muito visual, tendo as rubricas um importante aliado para a construção da comunicação com a criança, principalmente para nós que buscamos um teatro para todas as idades. Além disso, a poesia também é um ingrediente fundamental, pois a criança gosta do jogo das palavras, a sonoridade e as rimas.

No texto "As estranhas aventuras de Rude Paçoca" a autora soube utilizar de uma forma muito interessante a rima, propondo a busca por uma rima nova, onde a rima não se dá necessariamente pela sonoridade da palavra, e sim por palavra que lembra outra palavra. E as Rubricas são bastante explicativas, a respeito do cenário e de algumas ações dramáticas relevantes à dramaturgia. Já no texto "O Vôo da Borboleta", as rubricas também ajudam a criar um entendimento maior da dramaturgia, porém a poesia extrapola às rubricas, deixando-as, em alguns momentos, mais poéticas do que o texto em si. Isso também pode ser notado em "O Homem do Banco Branco e a Amor-eira", um texto muito poético e emocionante, até as rubricas.

No dia das Leituras Dramáticas, tivemos a presença de Fátima Ortiz e Renato Perré, mestres veteranos no teatro para crianças, e os novatos Caroline Casagrande e Leonardo Moita. Foi super interessante o encontro pois o retorno aos autores foi imediato. Após as leituras, que ficaram super simples, porém muito criativas, Fátima e Perré fizeram uma pequena avaliação. Foi apontada a necessidade de se ter mais cuidado na escrita de um texto dramático, os três textos têm alguns problemas de narrativa, tornando-os frágeis. Corre-se o risco de grupos com menos experiência no teatro para crianças cometerem equívocos. Isso não aconteceu nas leituras dramáticas, pois já há uma grande dedicação da Cia. do Abração e da Cia. Filhos da Lua nesse tipo de linguagem.

Sobre a criação de um banco de textos

Cléo Cavalcantty

Na minha opinião, Um dos pontos altos do processo de investigação de teatro para crianças foi o olhar sobre as novas dramaturgias e conseqüentemente a criação de um banco de textos para abrigá-las.

A iniciativa de abrir campo para que novos dramaturgos possam expressar seu “querer dizer” ao publico infantil é algo ímpar. O resultado disso, é que ocorreram várias inscrições de diversas partes do país e com textos de qualidade à disposição e ao gosto do freguês. (Bom saber que tem gente boa e com “olhos ver” para essa linha ainda vista com menos status que o teatro adulto.)

Pra nós que temos como foco o fazer teatral para o publico infantil, é fundamental esse incentivo, até mesmo para que se possa ter o maior numero possível de material disponível para dar continuidade à busca e a pesquisa do processo de criação , tendo ao alcance textos bem humorados, atuais e se valendo de uma linguagem leve, poética e singular.

Um outro ponto de vista, é que esse banco de textos não é importante apenas para nós atores, mas também para todos aqueles que tem o interesse em conhecer , pesquisar e valorizar essa nova leva de autores que vem se formando.

Três textos foram escolhidos pela comissão técnica para serem apresentados ao publico por meio de leitura dramática.

Foram estes: O vôo da borboleta de Caroline Casagrande, As estranhas aventuras de Rude Paçoca de Loli Láctea e O homem do banco branco e a amor-eira de Léo Moita.

Eu participei da leitura com o Vôo da borboleta e posso assegurar que enquanto atriz é maravilhoso poder se colocar à disposição de um texto tão singelo e imagético. É um baita desafio você pegar um texto novo e tentar transmitir o que o autor quer dizer apenas por meio da leitura e do auxilio de alguns poucos instrumentos e adereços.

Faz com que o ator mergulhe nas várias nuances do personagem sem se valer da comodidade da montagem de um espetáculo propriamente dito.

É preciso esmiuçar cada detalhe pra tentar ser o mais fiel possível à essência do texto e ao personagem.

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